PESSOA: ALMA VIVENTE - TEOLOGIA EM DIÁLOGO COM AS NOVAS CIÊNCIAS DO CÉREBRO
Resumo
É possível reduzir a existência de uma pessoa a uma explicação de ordem neurofisiológica? A liberdade que lhe é característica, para tomar decisões e colocá-las em ação, prossegue um mistério. O presente artigo discorre sobre as possibilidades e os limites das novas ciências do cérebro, fazendo-o em diálogo com a Teologia e à luz de considerações filosóficas. O assunto desperta a atenção das mais distintas áreas de conhecimento, não por último no âmbito da Teologia oriunda da tradição cristã. Isto porque é a pessoas que se direciona a mensagem evangélica. Homens e mulheres poderão prosseguir sendo responsabilizados por suas decisões e ações, uma vez que venham a ser reduzidos ao princípio de causa e efeito que orienta as ciências exatas? O axioma aqui endossado é que a pessoa se apresenta sempre como um fenômeno espontâneo. O corpo e a alma, o cérebro e a mente, surgem como fatos distintos, porém, unos e indivisíveis. Pessoas não possuem, antes são almas viventes. É conhecido no âmbito da Teologia o testemunho acerca da encarnação, quando Deus se fez humano em Jesus Cristo. Para a fé cristã um entendimento integral de pessoa é fundamental por encontrar-se intrinsicamente relacionado com a mensagem evangélica, com base na qual a igreja vive e anuncia salvação e o cuidado para com toda a criação. Qualquer espécie de dualismo que venha a envolver pessoas, inspirado na visão cartesiana ou em uma versão oculta da mesma, não faz justiça ao evangelho de Jesus Cristo, ao Deus encarnado. A fé cristã não serve para a defesa de uma imagem de pessoa centrada nela mesma. Ela é sempre necessitada de reconciliação. Dualismos são reflexos do ser que permanentemente divide. O testemunho que lhe é peculiar (da justificação do pecador e da liberdade em Cristo) se apresenta como seu tributo para sustentar a união de tudo o que insistentemente se procura fragmentar.
Palavras-chaves: Pessoa. Ciência e fé. Dualismo e reconciliação. Neurociências e Teologia.
THE PERSON: A LIVING SOUL - THEOLOGY IN DIALOG WITH THE NEW SCIENCES ON THE BRAIN
ABSTRACT
Is it possible to reduce the existence of a person to an explanation of neurophysiological order? The characteristic freedom of the individual, that of making decisions and putting them into action, remains a mystery. This present article elaborates on the possibilities and limits of new sciences on the brain while conversing with theology under the light of philosophical considerations. The subject commands the attention of the most distinctive fields of expertise, not excluding that of theology based on Christian tradition. That is because the message of the gospel is directed towards people. Will men and women continue to be made responsible for their decisions and actions once they are reduced to the principle of cause and effect that guides Science? The maxim here endorsed is that the self is always presented as a spontaneous phenomenon. The body and soul, and the brain and mind come to light as distinctive facts, yet, as one and indivisible. People do not possess, but rather are living souls. Within the field of theology, there is testimony concerning incarnation, when God became human in Jesus Christ. For the Christian Faith, integral understanding of the self is fundamental, as it is intrinsically related to the message of the gospel. It is the foundation on which the church lives and announces salvation and care for all creation. Inspired by the Cartesian view, or a hidden version it, any kind of dualism that may come to involve people does not do justice to the gospel of Jesus Christ, God incarnate. The Christian Faith does not serve to defend the image of a self-centered individual. It is always in need of reconciliation. Dualism is the reflection of an individual that permanently divides itself. Its peculiar testimony, which is the justification of sinners and liberty in Christ, presents itself as a tribute to sustaining the union of all things that are persistently subject to being fragmented.
Keywords: Self. Science and Faith. Dualism and reconciliation. Neuroscience and theology.